Soneto do Fogo Ardente
Teu rosto é tela onde a arte se inspira,
E minhas mãos, ansiosas, querem mais,
Num fogo intenso que em meu peito expira,
Sigo teus traços, doces e fatais.
Os lábios teus, convite e tentação,
Esperam brisas quentes do meu ser,
Num rito antigo, em pura devoção,
Faço em teu mundo o tempo estremecer.
Na dança audaz de febre e de loucura,
Te entrego o açoite de um céu sem freio,
Pintando em tua pele a minha jura.
Que os ventos saibam deste nosso enleio,
Pois quando a noite vem, sem amargura,
Eu marco em ti meu fogo e meu anseio.