O Banquete da Decadência

Autor: O Mórbido

Nas sombras frias, onde o tempo não respira,
Há um salão de pedras, um eco que conspira.
Velas tremem, pálidas como a pele da morte,
Iluminando o festim de um destino sem sorte.

A mesa posta, com pratos de solidão,
Taças de lágrimas, pão feito de ilusão.
Convidados sentam-se, espectros sem rosto,
Sussurram segredos de um mundo sem gosto.

O anfitrião, o silêncio, ergue seu brinde,
Com olhos vazios, que ninguém mais finge.
“O que é a vida, senão um banquete torpe,
Onde a alegria é ceifada por lâminas opacas e corpes?”

Os risos ecoam, mas são gritos disfarçados,
De almas perdidas, aos poucos dilacerados.
O vinho é sangue, espesso e amargo,
E o pão quebra os dentes, num mastigar letárgico.

Cada prato servido é uma lembrança perdida,
Cada gole tomado, uma dor adormecida.
E no final da noite, quando o salão se desfaz,
O silêncio ri alto, pois ninguém volta jamais.

Assim o banquete segue, eterno e sombrio,
Num ciclo mórbido de destino vazio.
E o salão aguarda, com paciência infinita,
O próximo a cair na armadilha maldita.

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bela poesia morbido voce escreve com muito sentimento que esta nas suas palavras :clap: :clap: :clap: :clap:

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Escrevo poesias desde 2008.

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