Conheci K quando menos esperava, em um lugar onde palavras se tornavam mais reais que toques. Ela tinha 21 anos, eu 15. Nossas conversas começaram de forma despretensiosa, mas logo se tornaram o alicerce da minha rotina. Com K, eu encontrei alguém que entendia as minhas dores, as minhas inseguranças. Ela também tinha o bordeline, assim como eu, e isso criava uma conexão profunda entre nós.
Mas a intensidade que nos unia também era a nossa prisão. Quando as crises vinham, tudo se desmoronava. A palavra banana se tornou nosso código, uma espécie de alarde silencioso que avisava: “Preciso de um tempo”. Era um grito para que não nos destruíssemos. E, mesmo com a dor de ter que recuar, sabíamos que era necessário.
Com o tempo, fomos nos tornando íntimos, trocando segredos e desabafos que nunca contaríamos a mais ninguém. Mas a intimidade também trazia um lado tóxico, com discussões, momentos de raiva e palavras que feriam como lâminas. E, enquanto as crises iam e vinham, a conexão se tornava uma linha tênue entre amor e destruição.
Chegou um dia em que o silêncio foi maior que as palavras. Decidimos parar de conversar. A ausência dela se tornou um peso, um vazio que nunca se preencheu. Eu sentia falta da K que me entendia de uma maneira única, mas sabia que, por mais que a saudade me corroesse, voltar seria um erro. O medo de machucá-la e de me machucar era maior que a vontade de ouvir sua voz.
O que tínhamos foi bonito, mas era um amor com cicatrizes. A parte mais difícil de tudo isso foi entender que às vezes, amar alguém significa deixar essa pessoa ir, por mais que a dor da ausência grite. E, mesmo que eu ainda sinta o eco de suas palavras e a falta da sua presença, é assim que as coisas precisam ser. Porque, no fim, não há cura quando o amor se torna uma guerra constante.